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A Mudança no Funchal

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Nevoeiro Cortante


Uma das razões que levou-me ao rumo da cidadania, foi ver o meu país em desesperação. Em todo o lado, sinto o descrédito. Até instituições como a Presidência da República perderam o lastro. Estamos sem referências ou pontos cardeais, e, no meio do nevoeiro, divagamos, sem ventos favoráveis. Entre a confusão, sinto que o rancor está a tomar conta do país. Já nem sabemos o que representa a "austeridade", uma expressão que exigia algum rigor e nobreza, descambou em num mero excercício de subserviência. Leio este trecho de Vasco Pulido Valente, aqui, e pressinto que não sou o único a ser tomado por estes pensamentos:

«A humilhação que se acumula já fez desaparecer a mais leve ideia de responsabilidade pela catástrofe em que nos metemos (ou em que nos meteram). Ficou só o ódio. [...] E nem sequer um ódio cerimonioso e disfarçado. A vida pública começa a tomar um “tom” muito semelhante às piores fases do PREC. [...] Os jornais não hesitam em distorcer ou inventar os factos e acabaram num coro de queixas quase completamente inútil. As sessões da Assembleia da República parecem as sessões da última câmara monárquica na sua agonia. Não se sabe quem manda no governo ou se o governo realmente manda. E o dr. Cavaco arranjou para si um “exílio interior”, que o protege das baixas realidades do mundo. O ministro das Finanças altera impostos, taxas, contribuições (parece que até hoje 65 vezes), para se conformar aos “conselhos” da troika, que são os da Alemanha. [...] E, como sempre, o desespero inspira e multiplica a mentira: a mentira sistemática ou a mentira ocasional. Toda a gente mente, com raiva e com maldade ou pura e simplesmente por inconsciência. Portugal entrou numa nova era de pobreza, de conflito e de isolamento: e essa era promete durar.»

Fonte - Foto: Da Literatura





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