Serve de pretexto o facto de Paulo Cafôfo, candidato da «Coligação Mudança», ser um docente, para lembrar o papel dos professores na vida pública. Esta é uma percepção pessoal, que ainda não tive oportunidade de partilhar com o público. Julgo, porém, que é pertinente abordar este assunto. Convivi com professores toda a minha vida. Devo dizer, que não foi só o âmbito familiar que trouxe esta convivência; tive, noutros contextos, o mesmo privilégio. É daqui que nascem os conceitos desta reflexão.
Se questionasse ao leitor, qual o verbo que resume a função de um professor, não será descabido supor, que a resposta mais frequente, poderia ser o verbo «Educar». A Língua Portuguesa atribuí um sentido nobre a esta palavra, pois, «dar educação», alberga semanticamente, não só a aquisição de qualidades intelectuais, ou conhecimentos técnicos, como atinge o lado humano dos educandos, a sua fibra ética, a cortesia e os modos de convivência; os princípios e valores, pelos quais nos guiamos.
É esta dupla faceta, humana e técnica, que vejo reunida na figura do professor. Não nos podemos esquecer que a sala de aula pode ser um ambiente frenético, cada aluno é uma sensibilidade diferente, o mesmo acontece nas suas expectativas e conhecimentos previamente adquiridos. Logo, o professor, concilia este ambiente fragmentado e disperso, providenciando coerência e unidade ao grupo heterogéneo, com a intenção de orientar a atenção dos alunos para um objectivo comum. Não é nenhuma coincidência, a semelhança com a política.
Um professor, tal como um político, empreende um mesmo esforço, de encontrar coerência e unidade, num ambiente fragmentado, com o intuito de equacionar soluções consistentes, de interesse comum.
Acrescento que, o valor dos professores, não termina nesta confluência de características humanas e técnicas. Os professores têm um acesso muito mais aprofundado aos cidadãos do que a generalidade dos políticos. Porque lidam com alunos de diferentes raízes sociais e económicas, assim como os seus encarregados de educação, os professores conhecem, e sentem, com grande detalhe, os problemas sociais que afectam as famílias, as suas dificuldades e os seus dilemas.
O respeito pela classe docente poderia ser mais extenso, se fossem reconhecidos certos aspectos do seu ofício. Estou certo, e em tom de sugestão, e porque não, de desafio, que os professores podem ter um papel ainda mais activo na sociedade. Faz falta na política, este apanhado de competências, conhecimentos e sensibilidade.