Funchal

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A Mudança no Funchal

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Recursos + Recursos

Os madeirenses desligaram-se do seu ambiente e ecologia. Vivemos em duas ilhas magnificas que oferecem-nos uma variedade pródiga de condições e recursos que fazemos questão de ignorar. O conceito de "cidade sustentável" parece ser algo inovador e sofisticado, mas é possível colocar a questão: será quem em 2013 o Funchal é mais sustentável do que há cem anos atrás, isto é, em 1913? 

Os nossos solos e clima serviram como fonte de sustento e riqueza durante décadas, basta dizer que nos destacamos no vinho e na cana de açúcar. Hoje, que bens alimentares somos capazes de produzir? Uma ideia que seria muito benéfica para o emprego e criação de riqueza, seria o aproveitamento dos nossos solos para minorar as importações destes produtos. Como seria isto possível? Criando condições para a agricultura ser uma fonte de rendimento das famílias, facilitando a produção agro-pecuária no longo prazo, inibindo certos condicionantes nefastos no seu comércio. Vejo imensos terrenos preenchidos de ervas daninhas. Porque não, o governo regional ou as autarquias, promoverem parcerias entre os proprietários destes e empresários que queiram criar riqueza na fruticultura, horticultura ou floricultura? Porque não isentar fiscalmente a produção regional de bens alimentares? Porque não solicitar que as grandes superfícies tenham quotas mínimas de produtos produzidos localmente? 

Estou a avançar algumas possibilidades para produzir mudança no sector agrícola. São hipóteses, não imposições. Há, porém, mais sectores que poderíamos ter um cuidado acrescido, por forma, ser possível criar mais riqueza. A imagem na parte inferior deste texto trata-se de um bem criado por uma empresa regional - Gonna. A região já produziu bordado ou cestos de vimes, qual será a razão de não termos incentivos em apostar em bens produzidos localmente? Porque será possível importar produtos "tradicionais" da China? 

Quando vejo as nossas florestas a arder questiono-me porque razão não usamos aquela madeira que está a reduzir-se a cinzas para produzirmos bens como cadeiras, mesas ou pavimentos? Há países, como a Nova Zelândia, um país com bons índices de desenvolvimento e regras para garantir a protecção ambiental, que fazem uso da sua ecologia de forma sustentável para exportar lã. Não teremos potencial para fazer algo similar? 

Por fim, a nossa arquitectura tradicional não fez uso da geologia característica do nosso arquipélago? Um aproveitamento mais racional dos recursos que temos não reduziria as nossas importações energéticas? Criar cidades-dormitório será uma boa opção energética? Facilitar a construção civil, dando aval para mais obras, negligenciando o património que já temos, será racional? Os nossos solos podem produzir mais riqueza noutras áreas que não a construção desregrada de novas habitações que poucos, convenhamos, podem comprar. 

Ambiciono ver a nossa região criando riqueza, será possível produzir esta ignorando o nosso território? Creio que as autarquias, a começar pela do Funchal, teriam um papel muito relevante nesta mudança de paradigma. Esperemos que haja uma salutar transição política que possibilite este passo. 

MADEGG - GONNA



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