Funchal

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A Mudança no Funchal

sábado, 22 de junho de 2013

Aquilo que pode e não pode ser...

As ficções da política regional são tantas que nem vale a pena enumerar uma a uma, pois a tarefa é hercúlea. Vou cingir-me às autárquicas só para não exceder-me em conjunturas. O Funchal é a capital da região, logo é pedra basilar no jogo do poder regional. Assim, a eleição autárquica não se resume  ao executivo que vai assumir a gestão camarária. 

Esta eleição é uma janela de oportunidade. O nosso futuro colectivo depende de criar condições para termos um sistema político democrático e plural. Muitas decisões tomadas no âmbito da Câmara Municpal do Funchal, influenciam toda a região. Já abordei a questão da CMF ser um freio do poder absolutista da Quinta Vigia. Falta referir outras razões de ordem relevantes: uma alternância democrática no Funchal será um sinal claro para obrigar o Governo Regional mudar de estilo, e, mais pertinente, mudar de políticas. 

Em vez de termos um sistema fechado em copas, cristalizado e arrogante, os Funchalenses podem assegurar que o poder regional abra os olhos, e mude de estratégia. No turismo, no emprego, no crescimento económico, na harmonia social, na democracia, há muitos elementos que requerem mais discussão, maior abertura, menos regidez, visão, brio, transparência. O poder absoluto tem tendência a não ouvir, a não prestar contas, é o "posso, quero e mando" do costume. Este problema não é exclusivo na região, nem sequer é uma singularidade. Qualquer sistema político assente no monopólio de uma força política, degenera. Ao contrário de muitos países, onde um "25 de Abril" é uma miragem, o nosso país, e naturalmente, a nossa região, tem mecanismos para diluir as forças tentaculares e estagnadas da concentração excessiva de poder nas mãos de uma minoria. 

Não alimentemos mais a ficção, que o poder é "deles", e de mais ninguém. Não nos deixemos vencer por ilusões que o voto popular não muda nada. Vivemos numa democracia. Ponto. Numa democracia o voto faz a diferença. O voto serve para exigir mais e melhor. Há alternativas, há ideias, há convicções. O que é preciso é dar meios para as alternativas ganhem força, que as ideias tenham condições para germinar, e que as convicções são mais importantes que as negociatas. 

Esta eleição no Funchal, e nos outros concelhos, serve para alimentar novas brisas de mudanças. O ar saturado de ideias banais e de arrogância não deixa a economia renascer e o emprego regressar. A urgência de novas políticas é imensa, não podemos aguardar pelas regionais. Podemos fazer a diferença já, estas autárquicas são um passo muito relevante. Pensar o contrário, é divergir daquilo que é essencial para o futuro da autonomia. Aquilo que pode e deve ser, é fazermos tudo para termos uma democracia viva. O que não pode ser é deixar esta morrer. 

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