Hélder Spínola |
Hélder Spínola associa a “sustentabilidade” ao
espaço urbano, o Funchal é uma cidade de confluência, onde pressões casuísticas
e megalómanas absorveram o lugar que era dedicado aos cidadãos. Para fazer
recuar este ambiente saturado, é imprescindível, no contexto político, uma
revigorante evolução no sentido da pluralidade. Hélder Spínola não nega que há
obra meritória, mas adverte para a necessidade de ir ao encontro de uma nova
perspectiva e olhar sobre a cidade, não sendo ambivalente no facto de que, para
materializar qualquer mudança, não podemos deixar perpetuar o monopólio partidário
que tem tomado todas as decisões da Câmara Municipal do Funchal e Região Autónoma.
As pessoas não têm predisposição para acreditar
num novo rumo, o desânimo parece que se instalou e sedimentou, a política está
congestionada pela altivez e arrogância de termos sempre os mesmos a decidirem.
A solução para este nó górdio só pode permanecer na força e convicção de novas
atitudes e práticas, assentes no compromisso e confiança na cidadania. Está nas
nossas mãos vencer o cepticismo. Se dermos voz aos nossos próprios anseios, se
participarmos na mudança, Helder Spínola não têm dúvidas: o Funchal voltará ser
a cidade das nossas vidas.
Primeira Questão:
Todos sabemos
a definição do dicionário para «Mudança». No entanto, uma palavra pode ser
vivida das mais variadas formas. Assim, pode dizer qual é o significado de
«Mudança», no seu universo pessoal? E, a partir deste significado, pode
explicar como este motiva a sua acção num projecto para a cidade do Funchal?
HS: Para mim a palavra mudança está fortemente
associada com o conceito de evolução, ou seja, mudança para melhor. Além disso,
no contexto político regional, essa mudança está subjacente a uma alteração do
partido político que governa a Câmara Municipal do Funchal e a própria Região.
Neste contexto de mudança, um projecto para a cidade do Funchal deve manter e
melhorar aquilo que de bom foi feito e criar um novo olhar sobre a cidade. Um
projecto de mudança para a cidade do Funchal tem necessariamente de encontrar e
defender uma outra perspectiva da cidade e trabalhar com base num novo
paradigma que esteja fortemente baseado na sustentabilidade (Ambiental,
Económica e Social).
Segunda Questão:
Falamos de
"Mudança", vamos agora para a Confiança, Cidadania e Compromisso.
Como estes três "cês" afectam a sua vida activa, nos mais diversos
âmbitos: pessoal, profissional, social ou político?
HS: São 3C’s essenciais como pilares de qualquer
projecto, seja ao nível pessoal, profissional, social ou político. Sem estes
alicerces, ainda mais agora que os cidadãos apresentam fraca predisposição para
acreditar, é muito difícil construir seja que projecto for. No entanto, por
essa mesma dificuldade para acreditar, estes 3C’s, como simples palavras, no
contexto actual, dificilmente galvanizam o ânimo e o sentimento que seria
suposto mobilizarem. A Confiança, Cidadania e Compromisso, para resultarem em
algo real que se entranhe na vida activa, têm de deixar de ser meras palavras
para se ser aquilo que efectivamente são: atitudes, valores, práticas e
sentimentos.
Terceira Questão:
Fale-nos
um pouco da perspectiva sobre cidade do Funchal?
HS: Vejo o Funchal como uma cidade de
confluência, onde a diversidade humana é imensa e onde podemos aspirar a
encontrar qualidade de vida. O Funchal cresceu e definiu a sua estrutura ao
longo de séculos o que lhe conferiu características próprias que têm conseguido
sobreviver às intervenções instantâneas das últimas décadas. No entanto,
actualmente está a atingir o ponto de saturação e já se torna muito difícil
continuar a absorver as intervenções casuísticas e megalómanas, como é o caso
das obras na baía do Funchal. Vejo o Funchal como necessitando urgentemente de
ser libertado da pressão que tem sido excessivamente exercida sobre o seu
território. O Funchal está cada vez mais congestionado e precisa de recuperar
espaço para os seus cidadãos.
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