Funchal

Funchal
A Mudança no Funchal

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Não usarei métodos jardinistas para afastar Jardim

Compreendo a vontade de afastar o Dr. Jardim da liderança do governo regional, vejo, inclusive, esta vontade ter origem em todos os quadrantes políticos, social-democratas incluídos. Aceito grande parte das criticas que se faz a Jardim, começando pela supressão à democracia, terminando nas terríveis consequências do endividamento tresloucado. Já diria o bardo de Avon, a paixão aumenta em função dos obstáculos que se lhe opõe. Jardim foi - e continua a ser - o obstáculo mais eficaz e contundente desde que foi erigida a Muralha da China. A paixão pela autonomia, e seu desenvolvimento, já não se compadece com o aperto jardinista.

É legitimo que isto inflame os ânimos, eu próprio sinto o confrangimento de ver Jardim agarrar-se a um cargo executivo que já não pode executar nada de construtivo ou com valor. Apesar disto, não adoptarei os métodos jardinistas de fazer política. Se há coisa que estou completamente saturado, é toda a panóplia de ofensas, pressões, insultos e outras agruras que o senhor Jardim fez questão de nos proporcionar ao longo de três décadas. Jardim transformou a política regional num circo, o seu polegar era como o polegar arbitrário dos imperadores romanos no Coliseu. Estou cansado de lidar com esta versão grosseira e tosca de absolutismo.

Jardim enfrenta uma discordância abrangente e transversal em toda a região, já não são só os membros da oposição que o criticam. São os militantes do seu partido, é o cidadão comum. Observando este cenário, onde sete câmaras mudaram de cor partidária, onde temos que perceber ainda quais serão as consequências agudas da troika na região e, last but not the least, qual é o impacto concreto da enorme dívida da autonomia; será que Jardim tem algum fundamento que demonstre aos madeirenses que o seu papel é necessário? Até ao dia 29 de Setembro - o dia marcado pela mudança -, Jardim ainda podia alegar que tinha o apoio do eleitorado. Será que esta alegação faz qualquer sentido, hoje, 2 de Outubro de 2013?

Há várias outras dúvidas consistentes: que credibilidade, tem o homem que deixou crescer a dívida como se esta fosse uma praga, para resolver este problema? Não é só a credibilidade perante os madeirenses, há também as instituições: nacionais e europeias. Que modelo económico terá Jardim na manga para sairmos da crise? Até agora ainda não vi nenhum. Por fim, Jardim, ao caricaturar o processo político da região, afastou gente competente, íntegra e rigorosa. Enquanto ele perdurar no poder, esta distância permanecerá, com a agravante de manterem-se os poderes de sombra e penumbra.  

Os métodos que Jardim se socorreu para manter-se como inquilino da Quinta Vigia não funcionarão nunca mais. Jardim tem uma única decisão sensata ao seu alcance, a cegueira do poder já não resiste à luz da razão...



Sem comentários:

Enviar um comentário